Estudo diz que cidades da divisa do Sertão de PE com o Cariri da PB devem criar condições para prevenir, controlar e monitorar doenças nos rebanho. Municípios da divisa da Paraíba com Pernambuco produzem 70% do leite de cabra do Brasil.
Com o plano é possível diminuir os riscos de mortes, perdas na produção e problemas de saúde pública. Ao analisarem a prevalência de seis doenças em 51 propriedades rurais de 19 municípios do Cariri Paraibano e do Sertão de Pernambuco, os pesquisadores identificaram cinco das seis enfermidades que se propuseram a investigar.
A divisa entre os estados de Pernambuco e Paraíba, região que concentra cerca de 70% da produção de leite de cabra do Brasil, precisa de um plano de biosseguridade para prevenir, controlar e monitorar as enfermidades que atingem o rebanho. O indicativo é de um estudo coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a prevalência de doenças infecciosas nos rebanhos da área.
Os resultados dos testes de soro prevalência verificaram, por exemplo, a Agalaxia Contagiosa, infecção que pode causar prejuízos na produção de leite, em em 11% dos animais avaliados e em 51% das propriedades rurais analisadas. O estudo identificou a Toxoplasmose (18,5% dos animais) e a Clamidiose (16,1%) como as duas doenças com maiores percentuais de prevalência na região, enquanto a Artrite-Encefalite Caprina foi encontrada em 5,9% dos exames e a Brucelose, 3,1%. Não houve casos de Para tuberculose identificados no estudo. De acordo com os pesquisadores, o resultado do estudo merece atenção dos gestores públicos e do setor produtivo. Isso porque as doenças verificadas trazem prejuízos diretos e indiretos aos rebanhos, como a diminuição da produção, elevação de custos com tratamento e necessidade de descartar animais.
As enfermidades também podem afetar a qualidade e, por consequência, a comercialização de produtos. “A região possui uma organização da produção em arranjos produtivos locais, com cooperativas e associações que, em conjunto, buscaram esforços de articulação para a comercialização do leite caprino. A implementação de um plano de biosseguridade visa maior e melhor obtenção de produtos seguros e de qualidade”, explica Selmo Alves, pesquisador da área de Sanidade Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE).
Resultados preliminares do estudo foram compartilhados com os agricultores das propriedades analisadas e com gestores públicos dos municípios envolvidos. Uma das preocupações compartilhadas nesses encontros foi o impacto das doenças na produção do leite caprino da região da divisa, que possui um rebanho com cerca de 130 mil cabeças, e produção de nove milhões de litros por ano, aproximadamente. “Algumas doenças como aAgalaxia Contagiosa e a Artrite Encefalite Caprina causam a mastite, o que ocasiona alteração físico-química e biológica do leite determinando comprometimento da qualidade e deterioração do produto”, acrescenta o pesquisador de Sanidade Animal da Embrapa, Rizaldo Pinheiro.
(Da Redação com Agência Embrapa)
Plano deve ser feito de maneira conjunta
A elaboração das bases do plano deve acontecer nos dois primeiros meses do próximo ano, segundo a Empresa. O trabalho para se construir o documento prevê a participação de produtores rurais, instituições públicas e privadas, envolvidas com a caprinocultura leiteira, do Sertão de Pernambuco e da região do Cariri da Paraíba.
De acordo com o pesquisador Rizaldo Pinheiro, o plano será baseado em um conjunto de ações integradas, visando estabelecer melhorias no manejo geral, sanitário e bem-estar dos rebanhos. “Essa implantação deve ser baseada em capacitação, educação continuada e na adesão voluntária, com as devidas responsabilidades estabelecidas”, disse Ainda, afirmam pesquisadores, a conscientização e o engajamento de técnicos e do setor produtivo na adoção de boas práticas é fundamental para controle das doenças.
Outro aspecto a ser considerado é a compra de animais vindos de outros rebanhos, que, se não observadas as recomendações de manejo, pode levar aos rebanhos animais doentes que contaminem os demais. “É fundamental verificar no rebanho de origem se existe, ou existiram, casos de doenças, assim como observar a orientação técnica de informações sanitárias da propriedade e do rebanho, obtida nas instituições oficiais”, diz Selmo Alves. A orientação é submeter os animais comprados a uma quarentena de 60 dias.
Reportagem do Diário de Pernambuco do dia 19 de dezembro de 2022
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