Elton Máximo de Macedo comandava operação do Batalhão de Choque quando PMs atiraram balas de borracha e feriram, entre outras pessoas, dois homens que sequer participavam do ato contra Bolsonaro, em maio de 2021. Ele foi promovido de capitão para major.
O governo de Pernambuco promoveu um dos policiais militares investigados pela repressão violenta a um protesto pacífico contra Bolsonaro, no Recife, em 29 de maio de 2021. Devido à truculência policial, dois homens que sequer participavam do ato perderam um dos olhos após serem atingidos por balas de borracha atiradas por agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM).
O policial Elton Máximo de Macedo, do Batalhão de Choque, foi promovido de capitão para major. O ato que oficializa a mudança de patente foi assinado pelo governador Paulo Câmara (PSB) e publicado na edição do sábado (19) do Diário Oficial do Estado, com efeito retroativo a 31 de dezembro de 2021.
Conforme explicado no documento, Elton Máximo foi promovido pelo critério de antiguidade. Ele está na PM desde o ano de 2004, pelo menos, e foi um dos oficiais afastados das ruas pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), por causa do envolvimento com a repressão truculenta ao protesto. Ao todo, foram afastados 16 policiais, sendo três oficiais e 13 praças.
Neste domingo (20), o g1 entrou em contato com a SDS para saber se o agora major Elton Máximo segue sendo investigado e se algum dos policiais envolvidos na ação truculenta foi responsabilizado ou promovido. Não houve resposta até a última atualização desta reportagem.
Quase nove meses após a ação violenta da Polícia Militar, o governo de Pernambuco ainda não divulgou oficialmente de quem partiu a ordem para dispersar os manifestantes no ato pacífico contra o presidente da República.
No entanto, um documento de comunicação interna da PM, publicado em um site oficial do governo do estado, mostra que a ordem para dispersar manifestantes foi dada pelo Comando Geral da Polícia Militar.
A ação truculenta provocou a queda do então secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, e do então comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão, que pediu exoneração do cargo.
Após serem feridos por balas de borracha atiradas por policiais militares, o arrumador de contêiners Jonas Correia de França e o adesivador de carros Daniel Campelo perderam a visão de um dos olhos.
A vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta no rosto. O cantor Afroito foi preso na manifestação e disse que temeu ser sufocado. Um advogado foi atingido por quatro balas de borracha disparadas pelos policiais. Uma mulher ficou ferida em uma das pernas devido ao disparo desse tipo de projétil.
O agora major Elton Máximo foi filmado no momento em que negociava com advogados de manifestantes. Há seis anos, ele fez o curso para o Batalhão de Choque e, em 2020, recebeu certificado do curso de promotor de direitos humanos, na Academia Integrada de Defesa Social.
Além disso, Elton Máximo também fez cursos de uso progressivo da força e de gerenciamento de crises, ambos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Em junho de 2021, ao ser afastado das atividades externas, ele permaneceu, junto com os outros policiais militares envolvidos, nas unidades onde estão lotados realizando trabalhos administrativos.
A Corregedoria da SDS abriu nove procedimentos administrativos disciplinares para apurar diversas irregularidades. Entre elas, desvio de conduta, uso irregular de balas de borracha, omissão de socorro, legalidade de atuação da PM e postagem nas redes oficiais da PM mencionando a ação do Batalhão de Choque durante o protesto. A SDS não divulgou o resultado de nenhuma das apurações.
No dia 7 de fevereiro de 2022, a Justiça realizou uma audiência de instrução e julgamento do sargento Reinaldo Belmiro Lins, acusado de atirar a bala de borracha que tirou a visão de Jonas Correia de França. O policial responde por lesão corporal gravíssima e omissão de socorro.
Com informações do G1 Pernambuco
Faça um comentário: