Nos anos 80 em Sertânia tínhamos jovens secundaristas que vislumbravam elevar a cultura sertaniense a lugares longínquos, apresentando-se através de suas peças teatrais, muitas delas de autoria própria, e falando sobre cultura e a arte teatral. Cidades vizinhas nos abraçaram, deram-nos apoio, abriram suas casas para o grupo.
Em Sertânia apresentávamos sempre no auditório da Escola Olavo Bilac e até no América Esporte Clube, ali realizamos a I Semana de Arte de Sertânia, com a presença de grandes nomes da arte pernambucana e até do compositor e cantor Zé Marcolino (Não nos cobrou nada para se apresentar), a quem tive o privilegio de conhecer de perto e como um curioso repórter, fazer inúmeras perguntas, as quais me lembro demais as respostas.
Era o Grupo Teatral Ráizes, depois da morte prematura de um dos seus membros, virou Grupo Teatral Emídio Neto.
Éramos o único grupo teatral do sertão do moxotó a ser filiado na Federação de Teatro de Pernambuco FETEAPE), naquela época, sob o comando do grande artistas José Manuel, que nos deu total apoio, enviando para Sertânia diversas oficinas para aprimorar nossas apresentações.
Naquela época, já se observava no horizonte o fim da ditadura militar, mas ainda vivíamos a famigerada sublegenda partidária, mas enquanto jovens leitores, nossa preocupação era difundir nosso teatro, nosso ideal.
Nosso sonho era fazer com que a cultura sertaniense fosse o mais longe possível, que desbravasse fronteiras, era nosso sonho,nossa utopia.
Hoje aqueles integrantes daquele valoroso grupo se juntam para reviver essas histórias, histórias que nortearam nosso caráter e até nossa formação profissional, moldando o que somos hoje.
Quero aqui, em nome do site Tribuna do Moxotó, site consolidado na grande rede, com mais de 200 mil acessos/mês (afinal foi no grupo teatral Emídio Neto, que nasceu o “Edital do Moxotó”), deixar minha homenagem a cada membro, a cada integrante daquele grupo de jovens que fizeram daquele sonho, daquela utopia, um caminho para o sucesso de cada um deles. Que orgulho tenho em dizer que fiz parte daquela história.
Seguramente posso dizer que o sucesso do Tribuna do Moxotó, do seu articulador (sim me sinto realizado), se alicerçou naqueles momentos, misturados de alegria e ansiedades, de incertezas e esperanças, momentos inesquecíveis mas de completo amor pela arte.
Aqui ficam meus agradecimentos àqueles jovens sonhadores, hoje empresários, professores, funcionários públicos, profissionais liberais, comerciantes e tantas outras profissões, com a certeza de que construímos um sonho, edificado pelos ideais de fazer grande nossa cidade culturalmente e através desse sonho, a realização verdadeira do que SOMOS HOJE!
BEIJO A TODOS!
APRESENTAÇÃO DE ZÉ MARCOLINO NO AMÉRICA – ANOS 80
Com a amizade que meu pai, poeta Asa Branca do Ceará, tinha com Zè Marcolino, fui a casa dessa grande artista em Serra Talhada, ali fui recebido em uma manhã de um um dia da semana, pela sua esposa, matriarca da família, que me mandou entrar assim que me apresentei informando que naquela hora da manhã Zé Marcolino já não estava mais na cidade, me convidou para ficar em sua casa para almoçar (o que aceitei de imediato) e como não poderia demorar almocei e depois de uma boa conversa com Dona Carmo, acertei para que o poeta viesse a Sertânia, era os anos 80, acredito que 1984 e numa quinta-feira daquele ano, estava Zé Marcolino em Sertânia. Natural de Sumé-PB., ele sempre transitava entre Sertânia, Sumé e Serra Talhada e fez seu show de casa cheia no América Esporte Clube, depois fomos para o chamado “pé de parede” no bar de Cusca, no centro da cidade, ficamos conversando até altas horas da madrugada, ouvindo as coisas do poeta. Êh tempo bom.
ZÉ MARCOLINO E A SAUDADE IMPRUDENTE
Morte por acidente automobilístico em 1987, naquela época Zé Marcolino tinha um grande sucesso rodando nas rádio pelo Brasil na voz de Dominguinho, era a “Saudade Imprudente” e naquela oportunidade tive o privilegio de lhe perguntar como foi feita essa canção(o papo girava em torno de onde vinha a inspiração de suas belas músicas) e ele me responde; “Pura inspiração, poeta”. Me lembro bem que Marcolino me disse que muitas de suas composições eram feita por encomenda, mas “Saudade Imprudente”, veio como uma despedida, já que depois de poucos anos, o poeta se despedia da vida e se eternizava no cancioneito regional brasileiro. Viva nosso poeta!
O REENCONTRO DOS INTEGRANTES DO GRUPO EMIDIO NETO
Para perpetuar esses momentos, alguns integrantes do grupo teatral Emídio Neto”, promoveram um encontro e até criaram um grupo no whats app para lembrar todos esses momentos. Que bom que estamos tendo a oportunidade de vivenciar tudo isso. Viva a história, vida eterna para esses memoráveis momentos!
FRASE PARA REFLEXÃO
Teatro: uma arte que parece ser tão real. Vida: uma mistura de personagens que constroem uma história real. (Oeverson Dias Vieira)
O que a juventude tem de melhor é ser capaz de admirar sem compreender. (Anatole France)
“Assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho, gosto do velho que tem dentro de si algo do jovem: quem segue essa norma poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais.” (CÍCERO).
Somos a história que escrevemos, o importante é acreditar nos seus sonhos e pintar a vida com as cores da sua imaginação. Afinal só você tem sua tela. (Neto Montana).
*ESEQUIAS CARDOSO é mestre em Ciências Sociais pela UFCG, pós graduado em História e Gestão Pública educacional, professor concursado da Rede Pública Estadual de Pernambuco e jornalista com registro profissional nº 7052/PE
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