Quanta satisfação sentimos quando noticiamos alguma ação boa de tantos sertanienses que andam pelo mundo afora, ações que merecem ser exaltadas, pois tem toda uma simbologia imensurável, pois certamente tem por trás desses feitos toda uma trajetória histórica de lutas e batalhas vencidas com muito afinco e perseverança de sertanejos que lutam para fazer diferente e aqui vamos contar mais uma história de um sertaniense, contada no site da Folha de Pernambuco. Trata-se do médico Rui Ferreira, que é natural de Sertânia, especialista em cirurgia das mãos e membro titular da Federação Ibero Latino-americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (FILACP). Veja que história inspiradora:
O engenheiro de máquinas Park Sueyong, de 34 anos, de nacionalidade sul-coreana, teve as duas mãos arrancadas enquanto trabalhava num navio atracado na costa de São Luís do Maranhão.
Sueyong chegou ao Recife no dia 17 de março de 2018, e teve as mãos reimplantadas após seis horas de cirurgia, no SOS mãos, hospital localizado na Ilha do Leite, região central do Recife, considerado uma referência no tratamento das mãos em todo o nordeste brasileiro.
A cirurgia de reimplante duplo, realizada pela primeira vez em Pernambuco e no Nordeste, foi feita pelo médico sertaniense Rui Ferreira, que é natural de Sertânia, especialista em cirurgia das mãos e membro titular da Federação Ibero Latino-americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (FILACP). O procedimento consiste, primeiramente, em restabelecer a ligação óssea e em seguida veias, artérias, nervos e tendões para o completo restabelecimento do membro.
O engenheiro sul-coreano fala a língua de seu país e o inglês. Devido à barreira linguística, as enfermeiras da unidade de saúde utilizaram o Google Tradutor para conseguir se comunicar. Foi recomendado pela equipe médica que os membros fossem colocados em sacos plásticos e acondicionados com gelo, sem contato direto, para sua preservação.
Mesmo tendo chegado com um dos membros congelado, devido ao contato direto com o gelo, numa quarta-feira de 21 de março de 2018, foi o quarto dia de pós-operatório e as mãos se encontram sem nenhum problema e totalmente viáveis.
“É uma lesão muito grave, mas o fato de ter a mão, psicologicamente, já é um grande fator. É um paciente que deve passar cerca de dois anos em recuperação”, explicou o médico sertaniense.
Rui Ferreira da Silva nasceu em Sertânia, no sertão de Pernambuco, em 22 de abril de 1946. Teve uma infância difícil, de muito trabalho e pouco estudo. Duas vezes por mês, viajava com o pai Anísio Ferreira da Silva para vender roupas em Paulo Afonso (BA) e trabalhava numa padaria para ajudar na renda da família. Quando fazia uma entrega na casa de D. Marina Magalhães, esta soube que Rui não estava se preparando para o exame de admissão, obrigatório para entrar no Ginásio Cardeal Arcoverde. A professora prontamente se ofereceu para ajudá-lo a se preparar para o exame. A partir daí, não parou mais. Hoje, é um cirurgião de sucesso conhecido em vários países.
Formou-se pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco em 1971 e fez o internato no serviço do prof. Mariano de Andrade, onde concluiu a residência em cirurgia geral. Em seguida, fez residência em cirurgia plástica com o prof. Cláudio Rebello. Em 1976, retornou a Caruaru, atuando como pioneiro em cirurgia plástica no interior do estado.
Em 1982, foi convidado à França a serviço do Prof. Jacques Baudet, pioneiro europeu da Microcirurgia, Naquele país, ficou até 1985 como “attaché des hôpitaux”. Lá também prestou concurso para obter o DU – Diploma Universitário de Cirurgia da Mão e de Microcirurgia. Em 1985, trabalhou por seis meses no 9th People Hospital de Xangai, participando ativamente na área de microcirurgia e cirurgia da mão. Continuou com um estágio no Japão com o Prof. T. Unizuka, uma das lendas da cirurgia plástica, e com o Prof. K. Harii, pioneiro mundial da transferência microcirúrgica de tecidos.
Em 1986, retornou ao Recife, sendo pioneiro na microcirurgia reparadora, reimplantes, transferências de dedos do pé para a mão e cirurgia do plexo braquial. Atuando no Hospital da Restauração, pôde empregar as técnicas até então desconhecidas localmente.
Em 2005, comemorando 10.000 cirurgias realizadas no SOS MÃO Recife, fundou com o Dr. Mauri Cortez o Instituto SOS Mão Criança, com a finalidade de operar crianças carentes com deformidade nos membros superiores e inferiores. Nessa ocasião, foi realizada a primeira missão humanitária, com o patrocínio da ONG Francesa “La Chaine de L’Espoir” (A Cadeia da Esperança), contando com a participação do prof. Alain Gilbert.
Em 2006, para marcar a inauguração da sede do Instituto SOS Mão Criança, foi realizado um espetáculo com o pianista Arthur Moreira Lima. O “Concerto a 80 mãos”, em alusão às crianças que seriam operadas nessa missão, contou com a participação do médico Philippe Valenti, vice presidente da ONG Francesa “La Chaine de l’Espoir”; da equipe do Institut de la Main da Clinica Jouvenet Paris; e do Dr. Piero Raimondi, de Milão, Itália.
Essas missões tornaram-se regulares, duas a três por ano. Como a ONG Francesa “La Chaine de L’Espoir” tem atividades em outros países, o Dr. Rui Ferreira acompanha regularmente a ONG em missões humanitárias, com o intuito de passar a sua experiência.
Graduação
Faculdade de Ciências Médicas de PE
Pós Graduação:
Cirurgia Geral
Santa Casa de Misericórdia Rio de Janeiro Prof, Mariano de Andrade
Cirurgia Plástica
– Hospital Barata Ribeiro – Rio de Janeiro
Prof. Claúdio Rebello
Cirurgia da Mão:
– Université Bordeaux II France
Prof. Jacques Baudet
– 9th People Hospital China
Prof. Ti.Sheng Shang
Microcirurgia
– Université Bordeaux II France
Prof. Jacques Baudet
– 9th People Hospital China
Prof. Ti.Sheng Shang
– Showa University Tokio, Japão
Prof. T. Unizuka
– Tokio Univestity
Prof. K. Harii
Sociedades
Sócio Titular:
Soc. Brasileira de Cirurgia da Mão
Soc. Bras. Microcirurgia Reparadora
Soc. Bras. Cirurgia Plástica
Fellow International Col. of Surgeons
Colégio Brasileiro de Cirurgiões
GAM – Groupe Avance Michocirurgie
EWAS – European Wrist Arthr. Society
Fonte:
A Saga da Cirurgia Plástica em Pernambuco, de Moisés Wolfenson. Editora Imagem da Terra, 2012.
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