UM DELEGADO E TRÊS AGENTES DA POLÍCIA CIVIL SÃO PRESOS EM OPERAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL EM RECIFE

Um delegado foi preso durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco, na manhã desta terça (25). O delegado, que durante muitos anos comandou investigações de homicídios no Estado, é suspeito de integrar uma organização criminosa. A Operação Espórtula, como foi denominada, cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e outros três de busca e apreensão.

DELEGADO JOAQUIM BRAGA FOI PRESO DURANTE A OPERAÇÃO DEFLAGRADA PELA POLÍCIA CIVIL – FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Detalhes sobre a operação que prendeu um delegado e mais três policiais civis foram revelados em coletiva de imprensa pela Polícia Civil de Pernambuco nesta quarta-feira (26). Segundo as investigações, o grupo perseguia comerciantes, apreendia as cargas de cigarro deles e ainda revendia para outros vendedores do Recife.

O delegado preso foi Joaquim Braga Neto, que durante anos comandou investigações de homicídios no Estado. A Operação Espórtula, como foi denominada, também prendeu mais três policiais civis suspeitos de integrar a organização criminosa. Um dos presos já foi demitido em 2019 pela acusação de roubar mercadorias e dinheiro após invadir a casa de um chinês.

A investigação foi conduzida pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), após uma denúncia feita em 2016, com o objetivo de identificar e desarticular um grupo criminoso voltado à prática dos crimes de roubo, extorsão, concussão (se utilizar do cargo público para exigir vantagem indevida) e abuso de autoridade.

“Esses policiais, à época lotados na Delegacia de Água Fria, passaram a perseguir comerciantes do ramo tabagista e a confiscar as cargas que eles comercializavam, sabendo que ali havia uma quantia expressiva de dinheiro. Após selecionar a dedo suas possíveis vítimas, os agentes de segurança pública perseguiam as vítimas e arrebatavam as cargas sob pretexto de que elas seriam falsificadas”, explicou o delegado Jorge Pinto.

“O que se deveria esperar em um caso desse é que o procedimento fosse conduzido até a delegacia, onde fosse formalizado. Mas, não. A carga era revendida para outros comerciantes. Os agentes públicos lucravam duas vezes, porque as vítimas posteriormente eram conduzidas às delegacias e eram constrangidas a pagar propina como forma de se evitar uma prisão em flagrante”, pontuou o delegado.

Ainda segundo o delegado, vários comerciantes chagaram a se mudar do bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, porque não aguentavam mais as investidas dos policiais. “Começamos a investigar o caso após uma vítima procurar o GOE porque não aguentava mais a situação. Era muito dinheiro que esses agentes de segurança conseguiam. A gente imagina uma média de R$ 30 mil por carga”, disse Pinto.

As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel), contando ainda com o apoio operacional da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social.

OPERAÇÃO CONTOU COM 40 POLICIAIS

Os mandados de prisão foram expedidos pela Vara de Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária da Capital.

Na operação, nessa terça-feira (25), foram empregados 40 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães.

“O delegado (preso) tinha muita má fama na corporação. Os inquéritos presididos por ele sempre chegavam com problemas e isso já chamada a atenção”, revelou uma fonte da Polícia Civil.

A coluna não conseguiu contato com a defesa dos policiais presos.

Com informações do Jornal do Commércio.

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