DIRETOR DA POLÍCIA MILITAR NEGA QUE CORPORAÇÃO PROVOCOU TIROTEIOS QUE RESULTARAM NA MORTE DE OITO PESSOAS EM APENAS TRÊS DIAS

Após o registro de três operações policiais que resultaram em oito mortes, em apenas três dias, no Grande Recife (saiba mais abaixo), o diretor adjunto de Planejamento Operacional da Polícia Militar, coronel Fred Saraiva, disse que “isso não foi provocado pelo policiamento” (veja vídeo acima).

Desde quinta-feira (16), ao menos oito pessoas morreram em trocas de tiros com agentes da corporação na Região Metropolitana. O último deles ocorreu no sábado (18), em Porto de Galinhas.

“É um momento extremamente crítico, muito rápido. Acaba havendo o revide, e o policial, via de regra, é melhor treinado. E o resultado, na maioria das vezes, é esse: infelizmente, o óbito dos indivíduos. É importante dizer que fazemos mais de 25 prisões de tráfico por dia no estado todo”, disse o diretor de Planejamento da Polícia Militar.

A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa, neste domingo (19), no Quartel do Derby, no Recife. De acordo com o coronel Fred Saraiva, os policiais são preparados para revidar em confrontos com criminosos.

“Às vezes, as coisas acontecem realmente em sequência. Se a gente for olhar, nós estamos praticamente no final do ano […] Já fizemos mais de 7 mil prisões por ocorrências tipificadas como tráfico. Veja que um percentual mínimo opta pela resistência e aí não há opção a não ser cessar aquela agressão da forma mais imediata, para a legítima defesa do policial e de terceiros”, afirmou.

A fala do coronel corrobora com as recentes declarações do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, que negou que o estado tenha uma alta taxa de mortes provocadas por policiais.

Na avaliação do gestor, que participou de uma audiência pública sobre segurança na quinta-feira (16), o aumento do número de mortes em operações policiais nos últimos dez anos em Pernambuco é reflexo do cenário nacional.

Dados do estudo “Pele Alvo”, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), mostram que as forças de segurança mataram 91 pessoas em 2022 no estado. De acordo com o levantamento, quase 90% das vítimas eram negras.

Uso de ‘bodycams’

Questionado sobre o uso de câmeras individuais instaladas nos uniformes dos policiais, o diretor adjunto de Planejamento Operacional da PM informou que está sendo avaliado. Atualmente, a tecnologia é usada apenas no 17º Batalhão, que fica em Paulista, no Grande Recife.

Ao falar sobre o tema na semana passada, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, também não deu qualquer previsão de quando os aparelhos serão utilizados por toda a tropa no dia a dia. Segundo o gestor, o governo federal avalia a aquisição de “bodycams” e o executivo estadual tem esperado a movimentação para não desperdiçar recursos.

“A expansão depende dessa avaliação do resultado do uso dessas câmeras. É uma coisa que vai ocorrendo paulatinamente à medida que vai havendo avaliação e, estrategicamente, em que batalhão essa expansão será feita”, declarou o coronel Fred Saraiva.

Tiroteios resultaram em oito mortes

Nos últimos três dias, ao menos oito pessoas morreram e duas ficaram feridas em operações policiais no Grande Recife. Os casos são investigados pela Polícia Civil. Relembre abaixo:

16/11/2023: Três homens morreram e um ficou ferido durante uma ronda da radiopatrulha na Comunidade do V8, em Olinda. Segundo a corporação, eles atiraram contra o efetivo, que teria revidado e matado os suspeitos. Além dos quatro baleados, um quinto homem foi preso.

17/11/2023: Um homem de 30 anos e uma mulher de 24 morreram após um tiroteio durante uma perseguição policial no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Durante o confronto, uma mulher que passava pelo local também foi atingida por disparos.

18/11/2023: Três homens morreram após serem baleados numa troca de tiros com agentes do 18º Batalhão da PM que apuravam denúncias de tráfico de drogas na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas. Segundo a corporação, eles foram levados a um hospital, mas não resistiram aos ferimentos.

g1

Comentários do Facebook