Por Henrique Brasiliano*
Em tempos de eleições, a integridade do processo democrático é frequentemente posta à prova. Entre as várias facetas que desafiam a ética política, a figura do eleitor vendido e falso se destaca como um emblema de contradição. Este eleitor, que se mostra de um lado mas está do outro, representa não apenas uma falha individual, mas um sintoma de uma doença sistêmica que aflige a sociedade.
Por um lado, o eleitor vendido é aquele que, seduzido por promessas imediatistas ou benefícios materiais, abdica do seu poder de voto em troca de favores. Por outro, o eleitor falso é aquele que, embora proclame apoio a uma causa ou candidato, secretamente alinha-se com o adversário, movido por interesses ocultos ou pela simples volatilidade de suas convicções.
Essa dualidade não apenas subverte a essência da escolha livre e informada, mas também mina a confiança nas instituições democráticas. A venda do voto, explicitamente proibida por lei, é um ato que desvaloriza o próprio conceito de cidadania. Enquanto isso, a falsidade ideológica do eleitor compromete o diálogo honesto e a transparência que são vitais para o debate político saudável.
É crucial, portanto, que cada eleitor reflita sobre o peso de seu voto e o impacto de suas ações. A democracia não é apenas um direito, mas também um exercício de responsabilidade. Confrontar a venda e a falsidade eleitoral é um passo necessário para curar as fissuras que ameaçam a integridade do nosso sistema político.
*Henrique Brasiliano é advogado e filho do saudoso e grande homem público Dr. Bartolomeu Brasiliano e da professora aposentada Maria dos Desterro.