PADRE AIRTON PEDE AFASTAMENTO DA PRESIDÊNCIA DA FUNDAÇÃO TERRA

Uma semana após a Diocese de Pesqueira proibir o Padre Airton Freire de Lima, de 66 anos, criador e líder de um dos principais movimentos sociais do estado, a Fundação Terra, de realizar celebrações e administrar qualquer sacramento católico, após escândalo de suspeita de estupro contra a personal stylist Sílvia Tavares de Souza, o padre Airton se afastou da presidência da Fundação Terra.

A informação foi divulgada por meio de nota nesta quarta-feira (7). No documento ele diz que está abalado psicologicamente e só retorna à presidência da Fundação quando a questão for esclarecida. A vice-presidente Jessica Mickaelli Pereira assumirá a presidência do órgão no período de afastamento.

O padre nega ainda a prática de qualquer ato ilícito e reafirma sua inocência, não sendo verdadeiras as alegações contra ele dirigidas. O sacerdote diz lamentar ter sido alvo de acusações infundadas e injustas.

O padre Airton fundou em 1985 a Fundação Terra, que é uma organização não-governamental. O espaço funciona como escola e oferece serviços gratuitos de saúde para as crianças e as famílias em situação de vulnerabilidade. Atualmente, os projetos da Fundação atendem mais de três mil famílias. Além da sede em Arcoverde, a Fundação tem também uma unidade no Recife e duas no Ceará e mantém três escolas e duas creches.

No último dia (30), o padre foi suspenso pela Diocese de Pesqueira, no Agreste do estado. Na quarta-feira (31), Sílvia Tavares foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir à governadora Raquel Lyra (PSDB) a conclusão da investigação do caso. Lá ela foi recebida pela Secretaria da Mulher.

A vítima contou que em agosto de 2022 ela foi chamada pelo padre, enquanto estava em um retiro na propriedade da Fundação Terra, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão do estado. O motorista do padre Airton, Jailson Leonardo da Silva, levou a mulher para o local que o padre costuma descansar, um lugar mais remoto. Na “casinha”, padre Airton pediu para que Sílvia fizesse uma massagem nele. O padre estava deitado de bruços, coberto com um lençol de seda. Ela estranhou, mas fez a massagem, só parou quando percebeu que, sob o lençol, ele estava sem cueca. Então ela saiu da cama.

Nesse momento, o motorista, Jailson, se aproximou da mulher com uma faca e a ameaçou. ela também disse que nessa hora fora obrigada por ambos a se despir. Enquanto se masturbava, o padre ordenou que o motorista a estuprasse. Sílvia chegou a relatar que o padre usou o próprio celular para tirar fotos dela e de Jailson nus.

A vítima conta que foi orientada a tomar um banho logo após o estupro e que não contou para o marido, que também estava no retiro, por medo de que acontecesse uma tragédia maior, já que eles estavam num local isolado. A mulher ainda ficou por três dias no retiro, segundo ela, para coletar provas de que aquilo de fato acontecera, já que ela alegou ter ficado em estado de choque, pois via o padre como uma figura santa.

Sua denúncia foi feita à delegacia da Mulher do Recife, em outubro de 2022, mas o caso só se tornou público no dia 5 de maio deste ano, quando ela revelou o ocorrido em uma entrevista a um programa jornalístico de Carpina, que é exibido em um canal do Youtube. Na entrevista ela contou que era frequentadora de retiros espirituais organizados pelo padre Airton desde 2019. A mulher disse ainda que conheceu o religioso quando buscava ajuda espiritual para tratar uma depressão.

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