MPPE DIZ QUE DESVIO DE VERBAS NA PREFEITURA DO RECIFE COMEÇOU EM 2021, PRIMEIRO ANO DA GESTÃO JOÃO CAMPOS

Inquérito indica que grupo desviou dinheiro que deveria ter sido usado na manutenção e recuperação de imóveis, sobretudo das áreas de saúde e educação. 

O grupo criminoso investigado por desvio de verbas públicas que deveriam ter sido empregadas na manutenção e recuperação predial de órgãos da Prefeitura do Recife estaria agindo ilegalmente desde 2021, primeiro ano da gestão do prefeito João Campos (PSB). A informação foi confirmada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) à coluna Segurança, do Jornal do Commercio.

Nesta quinta-feira (14), uma operação foi deflagrada para cumprir 22 mandados de busca e apreensão nos municípios do Recife e de Paulista, além de Pouso Alegre, João Pinheiro, Montes Claros e Conselheiro Lafaiete (MG) e Chapadinha (MA).

Em nota, a Prefeitura do Recife afirmou “que todas as contratações seguiram rigorosamente o que é previsto em lei”. (Leia texto completo mais abaixo)

A investigação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPPE, com apoio de promotores de Minas Gerais e do Maranhão. As ordens foram expedidas pelo Juízo da Vara dos Crimes Contra a Administração Pública e a Ordem Tributária do Recife.

O MPPE alegou que o inquérito está sendo conduzido sob sigilo e não informou os nomes dos servidores da Prefeitura do Recife, empresários e outros investigados. Mas disse que “a investigação se refere a adesões às atas de registro de preço a partir de 2021”.

De acordo com o Gaeco, a investigação apura a existência de uma organização criminosa dedicada à prática de crimes de fraudes em licitações e contratos administrativos, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

“O grupo agia por meio de uma sofisticada e complexa estratégia de adesão a atas de registro de preços, conluio entre empresas de Minas Gerais e Pernambuco, seus respectivos representantes e sócios, com possível participação de servidores públicos e outros agentes encarregados pela fiscalização de obras e serviços de Engenharia na capital pernambucana”, informou o MPPE.

Os indícios apontam para produção “sob encomenda” de atas de registro de preços para viabilizar contratações diretas por outros entes governamentais.

As atas estabelecem preços para diversos itens e serviços de correção e manutenção predial e totalizam valores que, somados, ultrapassam R$ 500 milhões. “Contudo, a contratação pelos entes públicos titulares da ata foi mínima ou inexistente”, apontou a investigação do Gaeco.

O inquérito indica que a prefeitura do Recife aderiu a algumas das atas e realizou contratações significativas, que alcançaram o patamar de mais de R$ 100 milhões, envolvendo secretarias como a de Educação e Saúde.

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

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“BARRIGA DE ALUGUEL”

O MPPE acusa a organização de praticar a irregularidade conhecida como “barriga de aluguel”, estratégia que milita contra a obtenção de contratações mais vantajosas para o ente público. Além disso, indica a suspeita da prática do “sombreamento” de serviços de Engenharia.

“A hipótese investigada é a de um mesmo serviço de Engenharia ter sido pago mais de uma vez”, informou o MPPE.

O Tribunal de Contas da União (TCU) utiliza o termo “barriga de aluguel” para descrever uma ata de registro de preços originada de um procedimento licitatório que, embora aparentemente legal, é concebido com o objetivo principal de permitir adesões em larga escala por entidades que não participaram da licitação original, conhecidas como “caronas”.

A principal característica que define essa prática fraudulenta é a desproporcionalidade entre o uso da ata pelos órgãos que a criaram (participantes) e o volume de adesões por órgãos não participantes (“caronas”).

PREFEITURA DO RECIFE NEGA IRREGULARIDADES

A Prefeitura do Recife reafirma seu compromisso com a legalidade, transparência e eficiência na gestão pública, esclarecendo que todas as contratações seguiram rigorosamente o que é previsto em lei. Antes mesmo de qualquer apuração, a administração municipal agiu de forma proativa, procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e disponibilizou todas as informações sobre os contratos em questão.

Como informado pelo próprio MPPE, a ação se restringiu ao eventual vínculo entre as empresas. Em relação à contratação, a Prefeitura do Recife reforça que o processo se deu por adesão à ata de registro de preços – que é resultado de uma licitação. A medida é largamente adotada pela administração pública, a exemplo do que ocorre no Governo de Pernambuco, na União e em outras cidades brasileiras, uma vez que garante rapidez, eficiência e economia.

A participação das empresas se deu por Sociedade em Conta de Participação (SCP), também prevista pela legislação. A Prefeitura reforça que possui rígidos mecanismos de controle financeiro e orçamentário e que segue à disposição dos órgãos de fiscalização para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Com informações do jornal do commercio

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