A política pernambucana vive um momento de intensa transformação, marcado pela mudança de partido da governadora Raquel Lyra, que migrou do PSDB para o PSD, e pela reconfiguração das forças partidárias no estado. Este movimento, que transcende meras trocas partidárias, revela uma estratégia política robusta e uma liderança consolidada, capaz de mobilizar prefeitos e aliados em torno de um novo projeto político.
A decisão da governadora de deixar o PSDB foi impulsionada por uma série de fatores, entre os quais a intervenção da Executiva Nacional do partido, que nomeou Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), como líder do diretório estadual. Tal intervenção gerou descontentamento entre os aliados de Lyra, culminando na desfiliação em massa de 32 prefeitos e da vice-governadora Priscila Krause. Esse êxodo político fortaleceu o PSD, que agora se posiciona como uma das principais forças partidárias no estado.
Entre os aliados mais fiéis à governadora, destaca-se a prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu, que reafirmou seu compromisso inabalável com o projeto político liderado por Raquel Lyra. Pollyanna, que também deixou o PSDB em solidariedade à governadora, justificou sua decisão como um passo natural para continuar alinhada a uma liderança que compartilha dos mesmos princípios e visão: “Sou base fiel da governadora Raquel Lyra e confio plenamente no seu projeto para o estado”, declarou a prefeita, reforçando a sintonia entre suas gestões.
Raquel Lyra, ao assumir a presidência estadual do PSD, demonstrou sua capacidade de articulação ao reunir lideranças políticas e consolidar sua base de apoio. Sua estratégia não apenas ampliou a influência do PSD, mas também reforçou sua posição como uma figura central na política pernambucana. A governadora, que já conta com mais de 50 prefeituras sob sua legenda, prepara-se para as eleições de 2026 com uma base sólida e um projeto político ambicioso.
Por outro lado, o PSDB, sob a liderança de Álvaro Porto, enfrenta o desafio de reconstruir sua estrutura e redefinir sua identidade política. Porto, que já declarou apoio ao prefeito do Recife, João Campos, para as eleições de 2026, busca fortalecer o partido através de alianças estratégicas e da formação de chapas competitivas. Essa movimentação evidencia uma ruptura definitiva entre o PSDB e o governo de Raquel Lyra, marcando um novo capítulo na política estadual.
A crise entre a governadora e a ALEPE também merece destaque. Desde o início de seu mandato, Lyra enfrentou uma oposição ferrenha no Legislativo, liderada por Álvaro Porto. Esse embate político, que inclui episódios de tensão pública, como críticas vazadas durante discursos, reflete os desafios de governar em um cenário de polarização e reconfiguração partidária.
Em suma, a mudança de partido da governadora Raquel Lyra e os desdobramentos no PSDB representam mais do que uma simples troca de siglas; são um reflexo das dinâmicas políticas em Pernambuco, onde lideranças buscam consolidar suas posições e preparar o terreno para as próximas eleições. Este cenário, marcado por estratégias audaciosas e alianças inesperadas, promete redefinir o mapa político do estado nos próximos anos.
Henrique Brasiliano