A história neste dia 3, amanheceu de luto, morreu Raimundo Sá Laet Cavalcanti, conhecido por “Mundico”, historiador que sabia tudo sobre o município de Sertânia, uma lenda vida da nossa cultura.
“Mundico” como era conhecido era uma referência quando se tratava de contar a história de Sertânia e seu livro “De uma história de amor nasceu Sertânia”, é uma de suas obras que narra toda a odisseia de como nasceu toda a história para a criação do município.
Um dos historiadores que prestou sua homenagem a esse grande homem, foi o professor João Lúcio em sua página nas redes sociais, ele começa dizendo que: “A memória nunca morre”, ressaltando que é com muita tristeza que soube da partida de Sr. Mundico Laet, “minha primeira fonte oral durante a realização do meu TCC na graduação. Seu Mundico era um memorialista, um mobilizador da memória (nos moldes descritos por Joel Candau), sabia da importância da transmissão da mesma para a socialização e educação. Como esquecer das doses de uísque (sempre guardado em casa para ocasiões especiais), das conversas na praça de táxi ou na sua calçada, das fotos, registros e documentos guardados, da sua alegria em poder compartilhar seus documentos e memórias. Tinha plena consciência da importância de transmitir a memória, tanto que escreveu um livro”, diz João.
Segundo João, sua obra “De uma história de amor nasceu Sertânia”, mesmo sem saber, seguiu Candau quando esse disse que “a escrita é auxiliar de uma memória forte e reforça o sentimento de pertencimento a um grupo, a uma cultura” (CANDAU, p. 111). Para o professor Lúcio, Mundico tinha “a memória como certificação da realidade das nossas lembranças” (RICOUER, p. 294), como uma imagem presente de uma coisa ausente. “Transmitir uma memória e fazer viver, assim, uma identidade não consiste, portanto, em legar algo, e sim uma maneira de estar no mundo” (CANDAU, p. 118), e da sua maneira o senhor soube se fixar nesse mundo como as suas memórias, frisa o professor João Lucio, desejando que Mundico siga nos braços de Clio, conduzido por Mnemosine, pois são homens como seu Mundico Laet que nos ensina que “crer em História significa crer que os homens fazem a História” (HARTOG, p. 176). Descanse em paz Sr. Mundico, concluiu o professor João Lúcio que ora cursa o doutorando pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Outro que ressaltou a importância do legado deixado por Mundico, foi o professor de História e mestrando em sociologia pela Universidade Federal de Campina Grande e editor do Tribuna do Moxotó, Esequias Cardoso. “Mundico contribuiu com sua obra para a perpetuação de nossa história, muitas vezes, com meus alunos, estudantes do ensino médio, recorri a ele para saber a história de Sertânia e ali ficamos sabendo de história que a história não conta. Momentos inesquecíveis e que foram demonstrados, após todos esses encontros, através de agradecimentos e a ele próprio e que sempre de forma gentil, dizia está sempre a serviço da história do seu município.
A ele, nós que fazemos parte daqueles que acreditam que é através da educação, da história e do conhecimento que se constrói uma nação alicerçada na igualdade, desejamos muita luz e um descanso merecedor de quem enquanto esposa, pai e cidadão deixou como herança sua história e o seu legado.
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